domingo, 2 de janeiro de 2011


Eu sabia que você estava chegando porque conhecia o som das suas passadas, e isso era tudo que eu queria ouvir naquele momento. Meu coração disparava em silêncio, e minhas mãos suavam sutilmente. Quem me olhasse todas às vezes que você surgia iria pensar que eu não me importava, mas só eu sabia o que passava. Os seus assuntos sempre me envolveram de forma que até as palavras que nunca disse eu ouvi, e concordei, e imaginei que pensávamos igual. De tanto trocar essas informações desnecessárias mas totalmente presentes e reveladoras de duas vidas, nos identificamos e tornamo-nos “isso”. O que é “isso” ? Isso é muito mais que dar as mãos e passar juntos por um piso de fogo ou um bloco enorme de gelo com o poder de nos desestabilizar e parar eternamente, é muito mais que conversar sem dizer nada. Só nós sabemos o quanto somos necessários um para o outro e o quanto as brigas nos uniram ainda mais, nessa mescla de chiclete com mel que somos. Essa mistura de doçuras e alfinetadas. Nós nos encontramos e desencontramos e acabamos parando na mesma esquina. E agora você acredita na expressão “por acaso?” Porque por acaso estávamos lá, por acaso conversamos, por acaso nos tornamos amigos, e não por acaso eu preciso de você agora. E eu estou dizendo isso, porque mais um ano está dizendo “Até logo” com saudade e eu quero continuar segurando as suas mãos, e quero poder continuar caminhando nestas ruas, que mesmo cheias de buracos, ou mesmo que chova, que as nuvens desabem e o sol sorria para nós, estaremos unidos, você entende? Não se trata de uma união por conveniência. Aqui tem amor, aí tem também? E os que gritarem contra nós, rugirem e jogarem tomates, pedras e papéis queimados vão ter a prova de que há algo muito maior que palavras e que aparências. E que nós guardamos, apesar de tudo, sentimentos tão especiais, que de tão lindos se tornaram indestrutíveis. Ande sempre comigo, está bem? Temos muito que viver, eles não vão conseguir nos tirar do caminho.

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